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Memória de S. Cipriano de Cartago

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  Texto do bispo Michel.      Hoje é a Festa de São Cipriano, o Mártir, um santo africano, de Cartago, no Norte da África e de ascendência berbere. São Cipriano foi um excelente escritor, com formação clássica e muitas de suas obras ainda sobrevivem. Ele foi bispo de Cartago em 249 d.C. Ele e outros 45 cristãos foram martirizados por sua fé e executados neste dia em 258 d.C. Aqui está um trecho de seu julgamento que ainda sobrevive... "Galerius Maximus: "Você é Thascius Cyprianus?" Cipriano: "Eu sou." Galerius: "Os imperadores mais sagrados ordenaram que tu se conformasse aos ritos romanos." Cipriano: "Eu me recuso." Galerius: "Tome cuidado por ti mesmo." Cipriano: "Faça o que lhe for ordenado; em um caso tão claro, eu posso não tomar cuidado."      Galério, após uma breve conferência com seu conselho judicial, com muita relutância pronunciou a seguinte sentença: "Tu viveste uma vida irreligiosa por muito tempo e reu

A força do Movimento de Oxford

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Por P. H. I. Ramos A Tradição é uma necessidade humana que demanda a consciência temporal que todos nós temos. Quando crianças interrogamos nossos pais e avós para sabermos de onde viemos, e eles testemunham o que sabem sobre o passado. Uma pessoa que não conhece seu passado cai em uma crise de identidade sem precedentes, gerando um total deslocamento da realidade que o cerca. Nesta perspectiva, o cristão sente um profundo sentimento de ligação com os cristãos que o precederam, e deseja estar associado aos antigos para que saiba o caminho da Jerusalém Celeste para a qual caminhamos. Por isso a honra devida aos santos, os heróis que contam o passado da nossa Igreja. Se Jesus falou a verdade no Evangelho, ele deixou uma Igreja Católica que é seu Povo eleito, um grupo que seria guiado pelo Espírito Santo a toda verdade. É neste Corpo Místico que nós nos movemos e somos, sem esta presença eclesial o cristão não consegue plenamente se realizar. Ora, como posso ser um membro vivo desse cor

A CAUSA DA MORTE DA MÃE DE DEUS

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Por Rev. Pe. Rodson Ricardo. A Igreja celebra hoje a festa da dormição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus. Esta festa, evidentemente, não se encontra na Bíblia, mas na memória da Igreja. Para nós a Bíblia é o livro da Igreja e não o contrário. O importante é que não existe nada na Escritura que contrarie este acontecimento. Muito pelo contrário: é lógico que a Mãe de Deus tivesse o mesmo destino de personagens bíblicos como Enoque e Elias. Mas, como morreu nossa senhora? A resposta nos é dada, de forma sublime, por João Damasceno, santo e doutor da Igreja:  “A Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, não morreu de enfermidade, porque ela, não tendo pecado original, não tinha que receber o castigo da enfermidade, porque como não tinha que envelhecer, já que ela não carregava consigo o castigo do pecado dos nossos primeiros pais, envelhecer e acabar-se por debilidade. Ela morreu de amor. Era tanto o desejo de ir para o céu onde estava seu Filho, que este amor a fez morrer. Cerca de cat

O Sacerdócio Sacrificial

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  Por bispo Chandler Holder Jones. Recentemente, no blog  Pontifications,  foi afirmado que os anglicanos não possuem e pretendem possuir um "sacerdócio sacrificador". Isso é verdade? Aqui está a resposta definitiva de  Saepius  Officio  , a Resposta oficial dos Arcebispos de Canterbury e York ao Papa Leão XIII (1897)... XI. Perguntamos, portanto, qual autoridade o Papa tem para descobrir uma forma definida na outorga de ordens sagradas? Não vimos nenhuma evidência produzida por ele, exceto duas passagens das determinações do Concílio de Trento (Sessão xxiii.  Sobre o Sacramento da Ordem  , cânone i., e Sessão xxii.  Sobre o sacrifício da Missa  , cânone iii.) que foram promulgadas depois que nosso Ordinal foi composto, das quais ele infere que a principal graça e poder do sacerdócio cristão é a consagração e oblação do Corpo e Sangue do Senhor. A autoridade daquele Concílio certamente nunca foi admitida em nosso país, e descobrimos que por ele muitas verdades foram misturada

O Livro de Orações em Inglês: Nossa Herança e Mandato para a Missão.

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  Por bispo Chandler H. Jones. No sábado, 19 de maio de 2012, o mundo anglicano celebra um aniversário dramaticamente importante, mas não particularmente conhecido, pelo menos no nosso canto da vinha do Senhor. Essa data marca o 350º aniversário da promulgação do Livro de Oração Comum na edição inglesa de 1662. Por que é significativa esta publicação do Livro de Oração Inglês, pode-se perguntar com razão! O Livro de Oração Inglês de 1662 é o Livro-mãe da Comunhão Anglicana, a liturgia na qual se baseia cada revisão ortodoxa subsequente do Livro de Oração Comum em todo o mundo, incluindo a da revisão americana de 1928. Foi o Livro de Orações usado nas Colônias Americanas até a Revolução. Foi o Livro levado pelos missionários e evangelistas anglicanos que cobriram o globo nos séculos XIX e XX, levando o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo a muitas nações, tribos, povos e línguas. Foi e é o fundamento histórico da unidade anglicana, eclesiológica, teológica, litúrgica e sacramental.

Reflexões sobre a questão da validade das ordenações na Igreja Anglicana

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  Por P. H. I. Ramos. O questionamento sobre a validade das ordenações anglicanas já se tornou clichê entre os apologetas papistas. É evidente que, para qualquer cristão apegado à Tradição eclesiástica, a validade das ordenações é crucial, afinal a validade da Eucaristia depende da validade do sacramento da Ordem. Isso deveria ser particularmente vital para aqueles que professam a Presença Real de Jesus no Sacramento do Altar. Se um indivíduo não recebeu devidamente o sacramento da Ordem, ele não pode agir in persona Christ e, portanto, Jesus não estará presente na hóstia consagrada. Não é porque um indivíduo está usando estola que ele automaticamente é um ministro válido. De igual forma, nem todas as orações do mundo podem tornar uma ordenação válida fora do episcopado histórico. Isso nunca deveria ter sido questionado, mas os teólogos do século XVI ao salientarem o sacerdócio comum dos fiéis acabaram por rejeitar que há outro tipo de sacerdócio na Igreja Católica, o sacerdócio

POR QUE DEVEMOS LER OS DEUTEROCANÔNICOS E APÓCRIFOS?

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Por Rev. Padre Rodson Ricardo. Sou anglo-católico. Os anglicanos sempre fizeram algum uso litúrgico dos livros deuterocanônicos. Os livros deuterocanônicos apareceram como parte da Sagrada Escritura com a tradução das Escrituras Hebraicas para o grego por judeus alexandrinos que foram reunidos para esse propósito no Egito pouco antes dos tempos do Novo Testamento. Tudo indica que essa foi a “Bíblia” dos apóstolos.  Ao longo dos séculos, no entanto, esses livros foram contestados por muitos; muitos os consideram como tendo pouco ou nenhum valor como Escritura. Mas essa não era a posição da Igreja (Oriental e Ocidental) até o século XVI. Os primeiros Concílios Latinos de Roma (382), Cartago (397) e Trullo (Constantinopla 692) aceitaram os deuterocanônicos como canônicos, ou seja, adequados para proclamação e ensino durante a Sagrada Liturgia. A “Bíblia Anglicana”, ou seja, a Versão Original do Rei Tiago (KJV), 1611, continha certas Escrituras além daquelas normalmente encontradas na Bíbl