COR PARA SERVIÇO DE EXÉQUIAS



POR REVERENDO RODSON RICARDO

1. Introdução

Recentemente fomos questionados sobre isso. Na verdade há diferentes cores para as exéquias: preto, roxo e branco. Nós, no Brasil, geralmente, usamos o roxo. Das três cores mencionadas o preto é a mais tradicional, sendo a única cor permitida no Rito Romano até a missa de Paulo VI. Foi apenas depois disso que o roxo (usado na Quaresma e na unção dos enfermos, por exemplo), tornou-se a cor normal para funerais, mas com o preto continua sendo uma alternativa. Eu, geralmente uso o preto nos funerais e o roxo nas missas de réquiem.

Mas, tanto na Igreja Anglicana quanto na Igreja Romana as províncias também podem permitir o branco como cor para funerais. A Igreja da Inglaterra “recomenda” o roxo para funerais, mas “pode ser preferido o preto ou o branco”, e o branco “deve ser usado no funeral de uma criança” (The Common Worship, páginas 532-533), Seguindo essa mesma tendência a Igreja da Inglaterra, a Conferência dos Bispos Católicos Romanos da Inglaterra e País de Gales o fez. O Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham é mais específico: o branco só deve ser usado se o funeral for o de uma criança batizada que morreu antes da maioridade (presumivelmente porque a criança não cometeu nenhum pecado “real”). 

2. Por que a diferença nas cores?

Existem sites que afirmam que este é o uso mais geral da Igreja Latina, mas não tenho certeza com que justificativa. Como sabemos não havia padronização das cores até recentemente. As cores são diferentes no Oriente e no Ocidente. O verde é a cor da comemoração ao Espírito Santo na Igreja Oriental. Assim, enquanto os padres católicos romanos usam vermelho no Pentecostes, os padres bizantinos usam verde etc.

Os livros litúrgicos da Igreja explicam que o propósito das cores litúrgicas é duplo. Primeiro, as cores dão expressão exterior ao caráter específico do mistério da fé que está sendo celebrado. Em segundo lugar, as cores que mudam de estação para estação e de festa para festa dão expressão a um sentido da passagem da vida cristã ao longo do ano litúrgico. Essa passagem anual é em si um símbolo, uma expressão do caminho de fé percorrido ao longo da vida por cada um de nós. Portanto, o motivo pelo qual essas cores foram usadas é, presumo, uma questão de até que ponto a família ou o oficiante desejava expressar LUTO, por um lado, e ESPERANÇA, por outro. 

O simbolismo do preto

No Ocidente O PRETO é a cor da dor, da escuridão e da morte.  Exatamente por isso ele foi a cor das litúrgicas fúnebres tradicionais, embora raramente seja mais visto nas igrejas (somente na sexta-feira santa). Há duas razões pelas quais o preto praticamente não é mais usado em funerais. Ao vestir preto o celebrante transmitia a ideia da inevitabilidade da morte física ao mesmo tempo que expressa solidariedade aos enlutados. 

Mas a nossa cultura moderna não quer saber da realidade da morte. Por isso insistimos que o preto deve ser usado apenas para expressar o nosso luto. Em segundo lugar, a nossa compreensão teológica da morte é muito mais cheia de esperança do que no início do século XX. 

A liturgia revista para os funerais coloca muito menos ênfase no pecado e na tristeza, e prefere concentrar a nossa atenção orante no Cristo redentor e na esperança da ressurreição que ele nos oferece.  Por esta razão, os livro litúrgicos utilizados para os funerais afirma que, embora o branco, o violeta ou o preto possam ser usados para os funerais, “a cor litúrgica escolhida para os funerais deve expressar a esperança cristã...”  

3. O simbolismo do branco e do roxo violáceo 

O BRANCO é a cor da pureza, da luz, da glória e da alegria e expressa a esperança da Páscoa, o cumprimento do batismo e as vestes nupciais necessárias para o reino. O ROXO VIOLÁCEO é a cor da penitencia, do sacrifício e da preparação e recorda a expectativa escatológica do Advento e a preparação quaresmal para o mistério pascal. É um lembrete que essa vida não é definitiva e que todos nós, vivos ou mortos, ainda vamos nos encontrar diante do Tribunal de Cristo nos últimos dias.

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