RESENHA: Apostasia Nacional, de John Keble

 


Para a maior glória de Deus e para a expansão da Igreja do Senhor no Brasil, o reverendíssimo padre Melque Ambrósio publicou a tradução de um fragmento da obra de um dos beatíssimos padres de Oxford, John Keble. No dia 14 de Julho de 1833, diante de juízes em Oxford, pronunciou o sermão que ficou conhecido como Apostasia Nacional, marco inicial do Movimento de Oxford. O contexto da Inglaterra na qual Keble profere o discurso é diferente das tendências hodiernas, o Estado ainda não era laico, apesar de que já caminhava a passos largos para isso.

Keble, como tradicionalmente os teólogos antigos faziam, recorre ao Antigo Testamento para analisar questões políticas. A interrogação inicial que guia a reflexão do autor é sobre quais são os indícios pelos quais se pode inferir que uma nação está afastando-se de Deus. Para chegar a uma resposta, Keble volta ao momento de fundação da monarquia israelita. Após vaguear por quarenta anos no deserto, os hebreus começaram a conquista do território de Canaã, e após estarem estabelecidos Deus os governava através de juízes que ele suscitava dentre o povo durante os momentos de aflição. Ocorreu que nos dias do profeta Samuel, o povo, motivado pela inveja dos povos pagãos, pediu um monarca. O descontentamento dos israelitas ao solicitar uma mudança de constituição manifestava claramente o tipo de espírito inquieto e ímpio que já tantas vezes os induzira à idolatria.

O padre de Oxford afirma que um dos sintomas típicos do abandono objetivo da fé é o indiferentismo com que os homens se entregam aos sentimentos religiosos do próximo sob a desculpa de ‘caridade’ e ‘tolerância’. Keble ataca diretamente as ideias do laicismo estatal. É falta de caridade a ideia nefasta de que as pessoas devem ser livres para escolher uma religião falsa, visto que uma religião falsa conduz diretamente à condenação diante de Deus. O indiferentismo de uma nação já está estabelecido quando a autoridade apostólica da Igreja é deixada de lado, se uma nação se recusa a ouvir a voz da Igreja, ela se recusa a ouvir o próprio Cristo pois ele disse “se alguém vos ouve, a mim ouve”.

O autor prossegue afirmando que o primeiro passo da apostasia de Saul foi se intrometer no ofício sacerdotal, e como último foi a perseguição a Davi, que ele sabia possuir uma tarefa delegada por Deus. Hodiernamente os estados fazem exatamente o mesmo, soberbamente assumem a tarefa de definição de fé e moral e se acham no direito de dizer o que o povo deve acreditar ou não. Essa é a raiz da aceitabilidade de perversões sexuais, ataques à doutrina da Igreja, e por fim, tal como Saul fez, a perseguição aos cristãos. Os crimes de uma nação apóstata começam com a violação dos direitos da Igreja e por fim, retiram a máscara e atacam diretamente a Cristandade.

Contudo, como deve a Igreja agir em situações assim? Keble recorre ao texto de 1 Samuel 12:23. A tarefa da igreja consiste em constantemente orar, pois através da oração pelos inimigos da Igreja promoverá o ensino correto na Nação. Não há omissão da Igreja em um Estado pagão, ela continua atuante em oração e exortação apesar das investidas do anticristo. Keble critica duramente a omissão da Igreja mesmo que o Estado a ofenda. O patriotismo não deve ocorrer apenas quando há líderes cristãos, pois os poderes seculares são constituídos por Deus independentemente se promovem a Igreja ou não. Não devemos esquecer que governos ruins são uma justa punição para os pecados do povo. A única maneira de reverter um governo profano e anti-cristão é que o povo aflito se arrependa completamente de seus pecados e volte-se para seu Deus.

Oremos ao Senhor: Graças te damos Senhor porque nos exortaste através das palavras de Keble. Te bendizemos porque nos chamas à fé através da tradução desta obra em nossa língua. Concede aos tradutores disposição para os futuros empreendimentos. Que teu Evangelho permaneça ardendo em nós, para que santifiquemos toda a nação brasileira. Através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

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